Crítica | Batman VS Superman – Dawn Of Justice

Batman VS Superman – Dawn Of Justice é um bom filme, mas passa longe de tudo o que poderia ter sido.

E finalmente eu consegui assistir a luta épica entre o Morcego de Gotham e o nosso querido Escoteiro de Azul. Literalmente acabei de sair da sessão, e como ela estava particularmente vazia (a fortuna as vezes esbarra em mim sem querer) eu pude assistir o filme com calma, tranquilidade e atenção. Graças a essa fortuita oportunidade, pude ver a obra de maneira menos passional do que eu veria na pré-estreia – afinal, é difícil não se emocionar e se empolgar com o início do filme e com outros 70 fãs cegos gritando a cada onomatopeia transposta para a telona.

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O Super-Homem é o filme e os mexicanos são os fãs na pré-estreia.

O gosto deixado na minha boca no final da sessão – gosto esse que perdura até agora, vide que sai dela para vir digitar esse texto a menos de uma hora – é uma mistura agridoce boa, mas que poderia ser melhor. Posso afirmar definitivamente que o filme não é ruim. Porém, a adaptação de Snyder voou baixo e passou bem longe de ser tudo o que poderia ter sido. Tudo bem, você pode não concordar comigo – ou com a maioria dos críticos profissionais (nem eu concordo com eles) – mas ao menos me de a chance de explicar o porque.

PS: A crítica a seguir pode conter spoilers, mesmo que pequenos, sobre o andamento do filme. Leia por sua conta e risco.

Dirigido pelo já conhecido Zack Snyder (300, Watchmen, Sucker Punch, Man Of Steel)  e com roteiro de Chris Terrio e David S. Goyer (esse último também roteirista de Batman Begins e The Dark Knight), o filme começa bem. Snyder tenta repetir seu feito de abertura épica em Watchmen, mas infelizmente não consegue. A sequência de abertura é boazinha e visualmente bacana, mas só. Após os acontecimentos da abertura e da já repetida e consagrada morte de Thomas e Martha Wayne o filme engata, mostrando sua melhor parte como um todo: A sequência de Bruce em Metropolis.

De longe as melhores cenas do longa, a destruição e a batalha entre Zod e Superman – que acontece em Man Of Steel – vista pelos olhos do vigilante bilionário é sensacional. A perspectiva de Wayne, o jogo de câmeras, os efeitos especiais, tudo nesta (longa) sequência de frames é espetacular, inclusive a atuação de Ben Affleck como Bruce. Ele demonstra o desespero controlado, a preocupação  com as vítimas daquele conflito e  acima de tudo o ódio pelos responsáveis por aquela destruição. A cena da garotinha sendo salva -é, aquela do trailer- é simplesmente fenomenal e coroa esse ato de maneira brilhante.

Seria espetacular ver como seria se o longa seguisse nesse ritmo e com essa profundidade, com essa intensidade toda. Mas não. Snyder para, freia o filme de maneira brusca e desnecessária. Tudo bem, passaram-se 18 meses desde o ataque a Metropolis, mas isso não quer dizer que o filme deveria ficar morno. Perde-se toda a sensação de “necessidade de Justiça” e troca-se isso por uma série de acontecimentos mornos, como as cenas na comissão responsável por avaliar os atos do azulão. Tem-se as sequências do Batman agindo, tem Lex sendo Lex. Mas a maneira como o enredo se desenvolve é surpreendentemente fraca para aquilo que se esperava ser a primeira magum opus da DC.

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A cena da pichação da estátua tinha tudo para ser impactante, por exemplo…mas não é.

Tem-se a cena do “Chá de Pêssego da Vovó” na comissão referente ao Superman e achamos que as coisas vão engatar e ficar mais animadas como no início, mas…não, não é o que acontece. Talvez devido a duração limitada do filme nos cinemas, o público tenha perdido um espetáculo maior e melhor – com é o caso de Watchmen e sua sensacional versão do diretor. O problema é que Watchmen, mesmo com uma hora a menos de duração, consegue se manter firme e forte como excelente filme. Dawn Of Justice passa longe disso.

Poderia continuar falando sobre os pontos que me decepcionaram no longa como o excesso de explosões (Entendo a necessidade de alguma delas mas é inevitável que tentou-se passar a brutalidade e o poder do Apocalypse, por exemplo, através de explosões e mais explosões e isso foi desnecessário) ou o embate fatídico e tão esperado entre Super e Batsy – sim, eu pelo menos esperava bem mais daquela sequência, mas culpo a trilha sonora por isso.

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O orgulho do Michal Bay Apocalypse em sua forma final.

Falando em trilha sonora, vou começar com ela, já que agora quero falar dos pontos positivos do filme e a soundtrack composta por ninguém menos que Hans Zimmer é simplesmente sensacional – como em todos os trabalhos do compositor. Sua única falha é justamente na mixagem (algo que creio nada ter a ver com o menino Zimmer), que peca e acaba colocando as músicas certas nos momentos errados. Os efeitos visuais são de encher os olhos. Detalhes e partículas –como dito, explosão é o que não falta– são de uma qualidade estupenda.

A fotografia do filme é outro dos aspectos técnicos que foi realizado com primazia. Se pudesse pausar e apreciar certas cenas eu com certeza o faria. As atuações também fluem bem e Affleck, para alívio dos incrédulos, é um ótimo Batman e Bruce Wayne. Gal Gadot tem pouco destaque enquanto “civil”, mas ao vestir seu traje, a Princesa de Temiscira  brilha (bem mais do que as explosões do Apocalypse) e se mostra a personagem mais legal em combate -sério, ver ela lutando é incrível. As aparições de outros heróis já comentados são curtas mas deixam um cliffhanger bom – talvez o maior acerto do enredo tenha sido mostrar que o Universo DC está para se expandir (e que essa expansão, se bem feita, será sensacional…aguarde, Marvel! ).

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MELHOR.PERSONAGEM.DO.FILME.

Henry Cavill] continua muito convincente como Super/Clark, algo inegável desde que assumiu o manto do Escoteiro Azul em Man of Steel. Amy Adams é boa como Lois Lane, mesmo que tentar tirar profundidade de sua personagem seja como tentar tirar leite de pedra. Jeremy Irons não tem cara de Alfred (cadê o bigodinho?) mas cumpre seu papel muito bem, mesmo que passe longe de superar o grandioso Alfred Pennyworth de Michael Caine. Jesse Eisenberg é um ÓTIMO Lex Luthor e tem a melhor atuação do longa. Seus tiques, micro-expressões e trejeitos são sensacionais e encaixam magistralmente na apresentação de um Lex Luthor jovem que está amadurecendo para se tornar o Lex que conhecemos -e é bem provável que isso ocorra rapidamente.

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Henry Cavil continua ótimo como Clark Kent e como Super-Homem.

O final do filme é bom, deixa a sensação de que algo maior, melhor e mais complexo está por vir. É uma pena que essa sensação dure o filme inteiro e esse momento nunca chegue. Batman VS Superman – Dawn Of Justice é um bom filme, mas passa longe de tudo o que poderia ter sido. Agora apenas nos resta esperar por sua versão “Director’s Cut” em Blu-Ray (sabia que a maravilhosa Jena Malone vai aparecer nela como Bárbara Gordon/Batgirl?), pelo filme da Mulher Maravilha e por outras adaptações do complexo e excepcional Universo DC.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

  • + Gal Gadot, Affleck, Cavil e Eisenberg são ótimos em seus papéis.
  • + Efeitos visuais, trilha sonora e fotografia de tirar o folego.
  • + Bom início para o DCU e aparições extras bem encaixadas.
  • + Se a trama seguir a trilha dos easter-eggs, algo grandioso está por vir – e isso é de arrepiar.
  • – Enredo arrastado com a eterna sensação de “nossa…é agora!!”, mas esse “agora” nunca chega.
  • – Sim, eles mostraram a luta Batsy VS Super praticamente toda nos trailers.
  • – Explosões nem sempre significam grandiosidade e poder…Parem com o ” Complexo de Michael Bay” por favor!.
  • – É o Watch_Dogs dos cinemas. É bom, mas não entrega 2/3 do que prometeu.

Resumidamente, Batman VS Superman é um ótimo -quiçá excelente- começo para o universo cinematográfico que se pretende  estabelecer, mas tropeça bastante como filme solo.

NOTA FINAL: 7,5/10

Texto por Josuá Ventura Nobre

Filme assistido Dublado, em 2D.

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